Pular para o conteúdo principal

Pré-menopausa e depressão: qual a relação e de que forma vem afetando a vida de tantas mulheres?



Menopausa é o termo dado para a parada total da menstruação, se caracterizando como ausência de menstruação por um ano. Mas o período que antecede essa parada completa pode durar mais de 5 anos, sendo denominado climatério, ou peri-menopausa, e muitas vezes são difíceis de diagnosticar, principalmente em mulheres que ainda tem fluxo menstrual.

A mudança de humor e na pele e cabelos, ondas de calor repentinas são sintomas conhecidos desse período; todos provocados pela queda brusca da produção de hormônios. Essa alteração hormonal não causa apenas desconfortos físicos, mas pode ser preponderante na evolução de um quadro depressivo em algumas mulheres, principalmente na menopausa precoce.

Sim, a menopausa pode desencadear um quadro depressivo, pois afeta os níveis e a sensibilização dos receptores hormonais, conforme explica a médica ginecologista e professora do curso de medicina da Faculdade Pitágoras, Lorena Galaes. “Nós, mulheres, temos receptores estrógeno-específicos (dos tipos α e β) em diversas estruturas do centro de comando do corpo (o SNC), como córtex, sistema límbico, hipocampo, cerebelo e amígdala. 

A ação estrogênica sobre receptores tem papel importante na síntese, na liberação e no metabolismo de neurotransmissores, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina e a acetilcolina. Os estrógenos também têm uma ação não inibitória em várias regiões cerebrais e promovem a liberação de triptofano, facilitando sua conversão para serotonina”, explica a médica.

O desequilíbrio hormonal tem grande impacto na saúde mental da mulher e esse impacto pode ser ainda maior quando a menopausa chega de forma precoce, antes dos 40 anos. Isso porque, as mulheres que tiveram menos tempo de ação dos estrógenos ao longo da vida (menarca tardia e menopausa precoce) têm maior tendência a sintomas depressivos, com maior gravidade, assim como nas pacientes com menopausa súbita, química ou cirúrgica.

Lorena detalha que o hipoestrogenismo (queda fisiológica dos níveis de estrógenos que acontece durante o climatério) leva, portanto, à diminuição dos neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar e humor, que associados aos outros sintomas climatéricos (insônia, fogachos e diminuição de disposição) podem acarretar um quadro depressivo.

A ação dos estrógenos sobre neuropeptídeos também colaboraria para a modulação de outras atividades, como a termo regulatória em centros hipotalâmicos e o controle da saciedade, do apetite e da pressão arterial sanguínea. Dessa forma, deve-se atentar à síndrome metabólica, alterações no perfil lipídico (aumentando o risco para a ocorrência de doenças inflamatórias crônicas), além de estreitar a zona termoneutra, consequência responsável por apresentar um dos sintomas mais conhecidos do período: as ondas de calor - fogachos.

Quanto aos sinais, a ginecologista explica que podem ser bem inespecíficos e confundidos com cansaço, estresse e problemas psiquiátricos. Nostalgia, choro fácil, irritabilidade, humor deprimido, ansiedade, crises de pânico, fadiga, confusão mental, diminuição de libido, falta de motivação, alterações súbitas de humor e dificuldade de concentração são alguns dos sintomas.

A queda de cognição e diminuição da paciência na interação social podem gerar problemas no trabalho, bem como irritabilidade, diminuição de libido e atrofia genital ou dispareunia, podem evoluir para o desgaste e abalo conjugal. É possível que haja maior sonolência, devido à insônia e fogachos noturnos, ou ainda ganho de circunferência abdominal em virtude dos distúrbios metabólicos.


Diagnóstico e tratamento

Atualmente o termo menopausa precoce está sendo trocado por Insuficiência Ovariana Prematura (IOP) que é a caracterizada pela perda de função ovariana antes dos 40 anos de idade. O diagnóstico inicial geralmente é clínico, pois a variação dos níveis dos hormônios sexuais durante o ciclo menstrual é grande (estradiol, progesterona e testosterona), e o marcador para insuficiência ovariana (FSH) aparece mais tardiamente, porém observa-se gradativa diminuição dos níveis hormonais, alteração do ciclo menstrual, suores noturnos, irritabilidade e outros sintomas climatéricos já citados.

Clinicamente, é possível observar o ressecamento genital, ressecamento da pele e alteração em cabelos, além da análise de duas dosagens de FSH >25 mUI/mL com intervalo entre as coletas de pelo menos 4 semanas.

“O tratamento deve ser individualizado, seguindo os fatores de risco, levando em consideração os sintomas da paciente e o desejo de tratamento. É importante ressaltar que nem todas as pacientes apresentarão sintomas impactantes em sua vida e que apenas algumas optam pelo tratamento”, completa a médica.

Entre as possibilidades de tratamento há o fitoterápico (fito estrógenos), o hormonal com as pílulas de estradiol e progestinas, adesivo de absorção transdérmica, anel vaginal, implantes hormonais, DIU de progesterona mais estradiol, hormônios bioidênticos transdermicos, ou medicações não hormonais como antidepressivos (agem tanto no humor quanto nos fogachos e insônia), cremes de ação local nas atrofias urogenitais, e laser vaginal nas atrofias urogenitais e incontinências urinarias. A reposição de testosterona também é indicada em casos específicos.



Postagens mais visitadas deste blog

Mulher é assassinada na zona rural de Lajedinho

 Na madrugada desta quinta-feira (24/04), a comunidade da Vila São Roque, localizada às margens da BR-242, na zona rural de Lajedinho, região da Chapada Diamantina, foi surpreendida por um episódio de violência que comoveu os moradores e trouxe preocupação à região, conhecida por sua rotina pacata. Segundo relatos dos moradores, pedidos de socorro foram ouvidos durante a madrugada, onde acionaram as autoridades ao perceberem que algo grave havia ocorrido. Infelizmente, uma mulher foi encontrada sem vida no local, vítima de agressões e golpes de arma branca. A vítima foi identificada como Liliane Ribeiro dos Santos , e o suspeito conseguiu deixar a área antes da chegada da Polícia Militar. As investigações foram iniciadas de imediato, com a polícia coletando informações e ouvindo testemunhas para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. O caso mobilizou a comunidade, que expressa tristeza e busca respostas para o que aconteceu. Embora as motivações ainda estejam sendo apuradas, a p...

Nota de falecimento: Raimundo Araújo Alves Neto

Comunicamos o falecimento de Raimundo Araújo Alves Neto, aos   55 anos de idade, neste domingo dia 27, na Vila Progresso em Ruy Barbosa. Os detalhes de velório e sepultamento serão atualizados em breve.

Mulher é vítima de feminicídio no município de Mundo Novo

A cidade de Mundo Novo está de luto após o brutal assassinato de Karina Ferreira Santiago, de 37 anos, vítima de feminicídio em sua residência na Vila ACM.  A prefeita Ana Paula, em um pronunciamento emocionado nas redes sociais, expressou sua profunda tristeza e indignação com o crime, clamando por justiça e ações concretas para proteger as mulheres do município. "Por Karina e por todas as mulheres, não podemos nos calar!", escreveu a prefeita em sua publicação, que rapidamente viralizou e gerou comoção na comunidade. Ana Paula lamentou a perda de Karina, descrevendo-a como uma tragédia que abalou não apenas a família da vítima, mas toda a cidade.  As informações sobre o crime ainda estão sendo apuradas pelas autoridades locais. A Polícia Civil investiga o caso para identificar e prender o responsável pelo feminicídio. 

PUBLICIDADE