Rui-barbosense, Jota Morbeck foi o maior cantor de trio elétrico de todos os tempos

É comum ouvir falar durante a Micareta de Feira de Santana do palco Jota Morbeck. Um palco fixo que fica localizado no circuito próximo a Avenida João Durval e que geralmente reúne apresentações de artistas locais. No entanto, muita gente, sobretudo as novas gerações, não sabe quem foi Jota Morbeck nem sua importância para a cultura de Feira de Santana.

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Considerado o maior cantor de trio elétrico de todos os tempos, Jota Morbeck chamava-se Jucelino Morbeck, era natural de Ruy Barbosa e foi morar em Feira de Santana ainda criança junto com seus pais e irmãos. Aqui na cidade ele cresceu, se revelou artista, tornou-se uma estrela e foi ganhar o país com a sua arte e seu talento. Músico auto didata, Jota morreu aos 39 anos é até hoje lembrado por muitos artistas de Feira de Santana, personalidades e pessoas ligadas a comunicação, como por exemplo o professor, radialista e pesquisador de música, Edilson Veloso.



Jota Morbeck e Dr. Rodriguinho.


Para Veloso, Jota Morbeck foi um dos grandes nomes de Micareta de Feira, teve uma história rápida na música, mas deixou seu legado no axé music e como o fenômeno puxador de trios. Arrastava multidões em Feira de Santana e em outros lugares por onde se apresentava. Jota estourou o sucesso “Halley” e assim como o cometa, passou rápido na Terra, mas deixou seu brilho e muitas saudades para quem o admirava e o tinha como amigo.

Jota Morbeck também foi o primeiro cantor da Banda Eva, passou por bandas como Novos Bárbaros e também a Gaiola Mágica. Foi o primeiro cantor a se apresentar em um trio elétrico em Feira de Santana.


“Ele foi o maior cantor de trio elétrico que eu já conheci e isso é confirmado por Luiz Caldas, Sara Jane, Marcionílio, Carlinhos Brown e outros artistas. Ele fez de Feira de Santana seu primeiro palco e aqui viveu muito tempo, fez muitos amigos e construiu família. Ele era um talento nato e não precisou aprender muita coisa não. Já nasceu com aquele dom. Cantava divinamente bem e eu acho que a cidade não o reconheceu como ele merecia. Jota era impressionante. Cantava de Alcione a Beatles”, comentou Edilson Veloso.

A terapeuta e artista plástica Joelma Morbeck, é irmã Jota Morbeck e relembra histórias do músico com muito carinho e saudades. Para ela, a perda do irmão deixou uma lacuna muito grande na família e ao mesmo tempo sua presença é sentida através das lembranças e muitas histórias marcantes.
Joelma afirma que Jota Morbeck foi um dos grandes puxadores do trio Tapajós e viveu intensamente a música. Ela conta que ele considerava a música como uma irmã.


Jota Morbeck e Professora Vanja em Ruy Barbosa


“Ele viveu a música de forma muito intríseca. Música para ele era o alimento sagrado e ele dizia que não sabia fazer outra coisa. Tocou em várias bandas, na Banda Eva, foi o primeiro a cantar “Pequena Eva” e foi muito querido, muito reverenciado. Jota entrou na música muito forte e viveu tudo que ele pode e o que ele sabia. As pessoas quando falam em música da Bahia, lembram logo de Jota e essa lembrança é muito forte porque ele ficou muito pouco na música, mas ficou muito tempo como marca, um nome forte, uma estrela que passou e deixou um rastro bacana”, afirmou.

Joelma também relata que é comum representar a família em homenagens para o irmão e também ouvir de artistas e pessoas coisas boas sobre o músico. A Banda Eva tem um acervo muito grande de materiais protagonizados por Jota Morbeck na década de 80 e um dos desejos da família é um dia reunir alguns desses materiais e parte do acervo pessoal do músico em uma publicação e deixar marcado quem foi Jota Morbeck. Ela acrescenta ainda que é muito grata por tudo que o irmão deixou, inclusive ele contribuiu para o seu despertar para a música. Também cantora e compositora, Joelma tem Jota Morbeck como sua principal referência musical.

“Eu considero ele o melhor cantor. Ele tinha uma maestria, um balanço no corpo, cantava com a alma.Tenho várias recordações felizes e eu tenho uma visão de reconhecimento que tem que vir de coração . O que fazem para Jota, quando me convidam eu vou, eu prestigio. Mas eu não fico muito nesse apego de que ele precisa ser reconhecido. O reconhecimento vem a partir do que cada um vive e eu só quero lembrar do meu irmão os momentos bons”, frisou.

O iluminado

Jota Morbeck faleceu aos 39 anos no dia 27 de abril de 2000, durante as comemorações dos 500 anos do Brasil em Porto Seguro. Ele foi mergulhar no mar, sentiu-se mal e acabou se afogando. Nesta Micareta ele completa 19 anos que se tornou um corpo celeste. Assim como o Halley e sua música que alegrou tanta gente, deixou seu brilho e deixou seu legado. Vale a pena saber que passou por Feira de Santana uma estrela tão fascinante e reluzente.

Artigo de Edilson Veloso sobre Jota Morbeck

Se eu citar Juscelino de Oliveira Morbeck, talvez, muitas pessoas estranhem. Mas se eu disser Jota Morbeck, vários lembrarão. Ele, sem dúvidas, foi o melhor cantor de Trio Elétrico que eu vi e ouvi. Jota era único na forma de versar uma boa musica. Nascido em Ruy Barbosa, em fevereiro de 1962, veio para Feira de Santana em 1974. Era completo. Cantava de Caetano a Dire Straites. Sabia como poucos, mudar um cenário na festa. Trilhou pela banda Mic Five e Lordão e lembro-me de Jota Morbeck & Banda Gaiola Mágica. No início da década de 80 ele surge como primeiro vocalista da Banda Eva. Foi destaque de vários carnavais, ganhando prêmios como melhor cantor. Também passou pela Banda Novos Bárbaros, onde emplacou os inesquecível hits “Melô do Halley”,” Ilê Birimba”, “Deboche” e “Descendo a Ladeira”, além do Trio Elétrico Tapajós, quando mandou bem com “Falabá”. Morbeck fez inúmeras andanças por toda a Bahia, cantando quando ainda havia o Circuito de Micaretas em nosso Estado.

Tinha uma característica inconfundível; a forma de se vestir. Ele primava pela elegância no quesito indumentária. Adorava camisas de seda, calça social e belos pisantes. Era comum chegar num hotel e vê-lo sentado à mesa com um litro de uísque, admirando a paisagem e esperando a folia. O seu talento era exaltado por onde passava, pois, sempre deixava a sua marca que era cantar divinamente. Em uma conversa com o artista Mairi Monte Alegre, veterano da musica e amigo particular, o mesmo pontuou sem pestanejar: “Jota foi para a musica, o mesmo que Pelé para o futebol; ele era único e jamais vai aparecer alguém melhor”. Jota foi vítima da falta de reconhecimento por parte das pessoas que diziam fazer a Cultura local. Injustiçado, na época do Prefeito Clailton Mascarenhas, foi cobrar o cachê de uma apresentação e chamaram a polícia para o mesmo.

Mas como o talento morre com o dono, Jota seguiu fazendo o que mais sabia e amava: cantar e alegrar as pessoas. O gênio Morbeck, foi para o céu em 27 de abril de 2000 e no ano seguinte, num ato de hipocrisia, a Prefeitura deu seu nome ao palco alternativo da Micareta. Homenagem se faz em vida.Mas certamente, ele foi recebido pelos Deuses da folia. Jota Morbeck é eterno! Repito: o melhor cantor de trio elétrico que eu vi e ouvi!

Texto: Acorda Cidade

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