No primeiro áudio divulgado hoje pelo site "The Intercept Brasil" na série de diálogos entre integrantes da Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol pediu a colegas do grupo do Telegram Filhos do Januário 3 para "não alardear" uma liminar do ministro do STF Luiz Fux.
Na noite de 28 de setembro de 2018, Fux derrubou a decisão do colega Ricardo Lewandowski que autorizara naquele mesmo dia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conceder entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", antes da eleição presidencial.
O procurador também diz que é a decisão de Fux é uma "notícia boa" depois de "tantas coisas ruins".
Deltan postou o áudio às 23h33 do dia 28 de setembro de 2018, segundo reportagem divulgada pelo "Intercept Brasil". A preocupação do procurador, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, porém, não se justificaria. A decisão de Fux já havia sido publicada pelos sites especializados "Jota" e "Consultor Jurídico" às 23h13, antes até de ele se dirigir aos colegas no grupo do Telegram. A "Folha" divulgou o assunto às 23h53.
Desde cedo, naquele mesmo dia, a possibilidade de Lula dar entrevista já havia mobilizado os integrantes dos grupos da força-tarefa, segundo mensagens divulgadas pelo Intercept em 9 de junho. A procuradora Laura Tessler, por exemplo, chamou o caso de "revoltante" e "verdadeiro circo".
Outros procuradores sugeriram que a Polícia Federal interviesse para que a entrevista acontecesse depois das eleições. A entrevista acabou sendo realizada apenas no dia 26 abril deste ano após o presidente do Supremo, Dias Toffoli, revogar em abril a decisão de Fux.
A Lava Jato disse, em nota, que "as supostas mensagens atribuídas a integrantes da força-tarefa são oriundas de crime cibernético e não puderam ter seu contexto e veracidade verificados". Segundo a força-tarefa, "diversas dessas supostas mensagens têm sido usadas, editadas ou descontextualizadas, para embasar falsas acusações que contrastam com a realidade dos fatos".
Foto: Daniel Ferreira / Metrópoles
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